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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 10 de maio de 2010

PRODUÇÃO. O DIA A DIA DA MINHA ATIVIDADE

Trabalho com produção artística desde 2004. Aliás, prefiro dizer que: APRENDO produção artística desde 2004. Antes disso cursei faculdade de marketing, depois pedagogia e fiz vestibular até para fisioterapia (risos), mas, não teve jeito a paixão pelo universo da produção me fascinou e quando dei por mim já estava produzindo. Histórias de aptidão a parte, hoje eu estou aqui para contar um pouco do que a aprendi exercendo a atividade de produção. Para algumas pessoas pode parecer muita coisa, mas, pra mim o aprendizado está só começando.


QUAL É O MEU TRABALHO.

Organizar desde a viajem até a chegada da banda ao local da apresentação.

Existem vários tipos de produtores, por isso é comum que as pessoas não saibam exatamente o que um produtor faz. Sempre me perguntam: ‘’O que faz um produtor?’’ Bom, costumo dizer que nosso trabalho é: ASSEGURAR QUE TUDO ESTEJA OK ANTES, DURANTE E APÓS O SHOW.
Quanto maior a estrutura, mais específica é essa atividade, mas, geralmente o produtor exerce várias atividades da produção. No meu caso, por exemplo, funciona assim:
Meu trabalho começa logo que a data para a realização do show é definida e o contrato daquela banda ou artista tenha sido devidamente elaborado e assinado (isso é feito pelo empresário, que também pode ser um produtor). Então o empresário me passa um relatório sobre as exigências do contrato, o contato do promotor do evento, equipe de sonorização... Etc. Minha comunicação com todas essas partes é imprescindível para que não ajam surpresas no dia do show. Quando é possível gosto de visitar o local onde será o show, mas, quando não, pedir fotos e uma descrição por escrito das dimensões do palco, por exemplo, é muito importante.

Dou início então à organização da viagem.

• Marcar a viagem com o motorista da van ou ônibus.
No caso de bandas que não tenham transporte próprio, fazer a locação do transporte. (com relação ao levantamento de custo da viagem, isso já deve ter sido previamente feito pelo empresário que fechou o show).
• Informar a toda a equipe sobre a data, local do show, tempo da apresentação, hora da viagem e definir um local de encontro em comum para todos se reunirem.
Quando se trata de uma viagem longa, todos viajam juntos, produção e artistas, chegando à cidade os artistas são deixados no hotel onde vão descansar e a produção segue para o local do show para preparar o local. Quando tudo está pronto, (palco, som, luz) busco os artistas para passagem de som.
Quando se trata de um local bem próximo à equipe de produção viaja primeiro e só depois vão os artistas.
• Durante a viagem é necessário fazer algumas paradas para almoço, lanche... Etc. Nesse momento seu responsável em negociar com o gerente ou o proprietário do local um valor acessível para toda equipe. Fechado, faço o pagamento e descemos ali. Caso não consiga uma boa negociação, repito o mesmo na próxima parada.

Durante a montagem da produção, preciso estar atenta a tudo. Conversar com o contratante ou promotor do evento, assegurar que todas as especificações técnicas e artísticas foram atendidas, providenciar adequações caso seja necessário. Ex: Palco, camarim... Etc.

FAZER O SHOW ACONTECER

Fazer o show acontecer não depende apenas de mim (produtora) ou artistas ou produção. Depende de um bom trabalho de todos. Um bom relacionamento entre as partes e confiança de que cada um está dando o melhor de si é certeza de um show perfeito.


DURANTE O SHOW

Se você pensa que durante o show dá pra descansar, está muito enganado. Esse é um dos momentos mais importantes. É quando todo trabalho de preparação é efetivamente colocado a prova. Por isso a produção é uma atividade como eu disse, de muitos detalhes e responsabilidades; NADA pode dar errado. Enquanto o show acontece observo o comportamento do público. Se eles estão ou não gostando da apresentação. Acompanho atentamente, o repertório, a apresentação individual dos músicos, cantores, rouds, atividade dos técnicos de luz, som... Etc. Na Gang Lex, por exemplo, o trabalho é levado muito a sério e se não é possível à perfeição, eles procuram trabalhar muito próximo disso. Qualquer observação é registrada num pequeno gravador digital, (como se fosse um aparelho de mp3) que fica junto ao produtor o tempo todo. Depois serão feitas todas as observações e correções necessárias. Se você, ou seu produtor não possui um equipamento desses, o famoso bloquinho de anotações servirá bem. Claro que para fazer observações como essas que narrei é importante conhecer bem o trabalho da banda.
Quando se trata de free lance, após o show, caso seja de interesse, passo para o proprietário ou responsável da banda tudo que observei. Essa OBSERVAÇÃO, não é um trabalho obrigatoriamente, mas, é sem dúvida diferencial em um profissional que deseja se tornar um bom produtor.
Ainda durante a apresentação, sutilmente procuro conversar com o contratante para saber se o retorno da noite foi bacana pra ele e se gostou do show. Essa sondagem é fundamental para maior satisfação do contratante numa próxima contratação.

Vai aí um conselho.

Gosto de trabalhar com a satisfação do contratante, dessa forma profissionalismo e diplomacia fazem toda diferença para assegurar novos contratos. Lembre-se, ser exigente não quer dizer ser mal educado.
Outra coisa. Se sua equipe, ou músico ou contratante te fizer uma pergunta e você não souber responder, ATENÇÃO! Isso significa que algo está errado, algo não teve a devida atenção, não foi pesquisado, não foi preparado. O produtor deve ser a pessoa mais informada nesse caso. Ele é a ponte entre banda e equipe técnica, contratante entre banda e por aí vai.

APÓS O SHOW

Após o show os artistas vão para o camarim onde receberão os fãs. (Paralelamente a isso as cortinas já foram fechadas e o trabalho da produção para desmontar cenário e equipamentos já começou) Esse contato público X artista é muito importante, mas, a permanência do fã no camarim deve ser breve (e isso quem organiza também somos nós produtores). Primeiro porque são muitos que querem tirar fotos e conseguirem autógrafos e segundo porque é uma verdadeira maratona um show, por isso os músicos assim que terminam de atender os fãs, seguem imediatamente para o hotel onde vão descansar provavelmente para outro show no dia seguinte. Note que em todos os momentos a equipe de produção é citada. Isso porque trabalha em todos os momentos. ANTES, para preparar o show; DURANTE, assessorando no espetáculo e APÓS, quando tudo tem que ser desmontado e preparado para o próximo momento em que as cortinas vão novamente se abrir. E é que isso que nos move: A alegria e a esperança que levamos através da arte a todas as pessoas que buscam na música uma sensação de magia e possibilidades. No caso da produção, uma arte anônima, mas, que nos realiza a cada aplauso recebido por um artista que por nós foi produzido. Isso soa dentro de mim como realização de um trabalho bem feito.

Bom, é isso. Espero que vocês tenham gostado. Se você é um de meus convidados a visitar o blog; se você chegou até aqui pela curiosidade; se você é músico, artista, empresário ou produtor... Enfim, seja qual for sua profissão, agradeço por sua visita. Se puder antes de sair, deixe seu comentário. Será um prazer saber o que você achou o que você pensa a respeito; vamos trocar experiências, aprender um pouco mais... Até a próxima postagem.

Grande Abraço

Luana Pozzolini.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

PRODUÇÃO DE BANDAS.


Em minhas pesquisas encontrei uma coluna sobre produção de bandas que achei muito interessante. Foi escrita por Rodrigo Simão, tecladista e diretor da RS Musical. Espero que gostem! Grande abraço.
Luana.

Introdução

Vamos tratar de todos os aspectos que envolvem uma banda. Por exemplo: Formação, local de ensaio, repertório, equipamentos, gravação de CD, release, mapa de palco, set list, como fazer uma boa entrevista, registros de músicas, direitos autorais, divulgação, OMB, brigas internas, como dar autógrafo, como rezar, como ser bonzinho (risos), etc...
A coluna começa rompendo todas as barreiras de idéias românticas e ultrapassadas com relação a sucesso, fama e dinheiro.
Pra quem pensa que uma “banda de garagem” pode ser descoberta por um “caça talentos” e que essa mesma figura mitológica vai colocar os sortudos no palco do Rock in Rio num passe de mágica... ESQUEÇA! Se você não for ganhador da MegaSena acumulada, vai ter mesmo que somar: Talento, Força de Vontade, Organização, Boa Música e Sorte.
Para ficar mais fácil e divertido, imagine que você esteja indo a um Hipermercado das artes, anote bem os ingredientes:
1. Banda (defina sua Formação ex: Baixo, bateria, guitarra, voz, teclado, etc...).
2. Local de ensaio (Estúdio, garagem, despensa da mãe, etc...).
3. Equipamentos (Instrumentos, caixa de som, amplificadores, microfones, etc...).
4. Repertório (Mapa das músicas)
5. Objetivo (Show, gravação, festival, etc...).

Comentário:

1. Banda: Defina quantos integrantes vai ter e que instrumentos irá tocar. É claro que o estilo interfere de forma direta nessa decisão. Basicamente existem duas formas de ter um bom relacionamento com os integrantes, por amizade e/ou afinidade de gostos ou por interesse profissional e/ou financeiro. Realmente parece um casamento, o ideal é o equilíbrio dos dois.
2. Local de ensaio: Tente ensaiar em locais que possibilitem ter uma qualidade de acústica. Eu mesmo já ensaiei em quarto, sala, cozinha abandonada, garagem, despensa de alimentos, salão vazio, etc... Mas realmente fica difícil e muito ruim de se ouvir, interferindo no humor e na qualidade das musicas. Recomendo alugar um estúdio de ensaio. Atualmente custa em média R$ 20,00 por hora. A vantagem é que já tem todos os amplificadores, microfones e o corpo da bateria...(sempre leve pratos, caixa, pedal de bumbo e os instrumentos musicais). Se não tiver muita “grana $$” improvise colando caixa de ovo nas paredes de um quarto ou garagem. (Lembre-se: No máximo 3 horas. Mais que isso fica chato e improdutivo).
3. Equipamentos: O equipamento diz muito sobre o músico, salve exceções como Hermeto Pascoal (músico que tira som até de um copo com água), mas é importante os instrumentos serem bem afinados e de boa qualidade, juntamente com seus cabos e acessórios.
4. Repertório: Defina com clareza as músicas que serão ensaiadas e faça um mapa de cada uma. O mapa musical deve ter anotações de introdução, solos, refrão, compassos, tonalidades, enfim tudo para evitar disputas de quem sabe mais ou automaticamente ser mais uma banda chamada T.N.T (Todas Na Trave). Para evitar problemas, grave um CD, fita, MP3 ou partitura das músicas e forneça para cada integrante com um tempo suficiente para o estudo das mesmas.
5. Objetivo: Tenha bem claro o objetivo do ensaio. Se for para preparar um Show, gravação, teste ou até mesmo só diversão, mas tenha isso bem claro e que todos fiquem sabendo antes!
Bem... Estarei na próxima semana abordando itens como: release, mapa de palco e muito mais novidades desse incrível mundo da produção de uma banda.

Gírias e expressões

Certo dia, em um festival de bandas, o organizador do evento pergunta para um músico: - Olá, você é quem vai tocar hoje à noite? - Sim - responde o amigo músico. - Trouxe o "Stage Map"? - Trouxemos... Mas já havíamos mandado tudo com antecedência para sua equipe, inclusive o "Rider Técnico" e o "Input List". - "Ok". Vou dar uma olhada; devo ter deixado junto com o "Release" de vocês. - responde o organizador.
Depois de algum tempo, com todos os músicos no palco acertando os últimos detalhes na passagem de som, um deles pergunta para o Técnico de Som:
- Posso ligar meu teclado no "Direct Ibox"?- Sem problemas, inclusive o "AC" esta aí do lado.- Eu queria mais som no "P.A", pode ser? - Pergunta o vocalista.- Não dá, o volume geral já está saturando, o que posso fazer é dar mais volume no "Side Fill".- Acho que a microfonia está vindo dos "Over Heads". - diz o baterista.- Pede para o "Roadie" arrumar a posição do "Mic" e me dê um sinal quando estiver tudo "Ok". - Fala o técnico.
Não se assuste, isso não é aula de inglês nem um novo dialeto. Simplesmente é uma conversa muito comum nos palcos da vida. A influência da língua inglesa está presente em muitas coisas que fazemos hoje em dia.
Na música não é diferente, por isso é importante estar atualizado com a linguagem desenvolvida no meio musical e se adaptar para não ficar "pagando mico".
Não tente inventar um novo vocabulário só para mostrar que você é muito experiente, nem rejeite a linguagem utilizada por achar que fere os princípios dá ética de um Brasileiro patriota. O mais importante é: APRENDER A SE COMUNICAR E DAR SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS.
Agora veja alguns termos muito utilizados no cenário musical e seus significados:
A.C - (Corrente Alternada) Ponto de voltagem indicado por 110v ou 220v.ADAT - Gravador digital da fabrica Alesis (Oito canais) que utiliza fita S-VHF. ÁUDIO - Tudo que se refere a som captado.BANANA - Conhecido também como plugue P-10 ou plugue de guitarra.BANHEIRA - Caixa onde se pluga os cabos de microfones e instrumentos.BOOM - Pedestal Boom-Jirafa - Pedestal comprido muito usado em novelas.BRILHO - Gíria. Agudos, freqüências altas.Ex: Mais brilho igual a mais agudo.CASE - Estojo, rack ou embalagem especial para proteção de equipamentos. COMPRESSOR - Efeito que comprime o áudio, melhorando o nível de sinal.DA CAPO - Termo italiano que significa - Do Começo.DI BOX - (Direct Injection Box) Pequena caixinha que regula a impedância e polaridade do sinal mandado do instrumento direto para a mesa de som.EAR MONITOR - Sistema de retorno individual parecido com aparelho auditivo.FADE IN - Aumentar gradativamente o volume.FADE OUT - Abaixar gradativamente o volume.FLAT - Ponto inicial da escala dos equipamentos eletrônicos.Zero.INPUT LIST - Endereçamento de canais de áudio para: microfones, instrumentos, etc.MIC - Microfone.MIXER - Significa pequenas mesas de som.O.V.N.I - Gíria. Coisa ou algo muito sensacional, "de outro mundo".OVER ALL - Microfone para captação geral de um determinado ambiente ou palco.OVER HEAD (O.H) - Dois microfones colocados acima dos pratos de bateria.P.A. - (Public Address) Colunas ou caixas de som viradas para o público.PELINHO / CABELO - Gíria. Quer dizer - Só um pouquinho!PRATICÁVEIS - Plataformas fixas que elevam do chão o instrumento ou músico.RÉGUA DE AC - Gíria. Extensão de energia elétrica com varias tomadas.RELEASE - Documento com informações, fotos e histórico da banda ou projeto.RIDER TÉCNICO - Lista de equipamentos utilizados pela banda, ex: mix, mic, efeitos, etc.ROADIE - Ajudante do músico que monta, desmonta e regula os instrumentos.RODAR LÂMPADA - Gíria. Complicar ou fazer hora. Equivale à gíria "cozinhar o galo".SIDE FILL - Caixas laterais de palco, sempre denominadas (L) Left e (R) Right.STAGE MAP - Mapa de palco.STAGE MONITORS - Caixas de retorno de som utilizadas no palco.TRIGGER - Dispositivos eletrônicos de contato sensíveis a vibrações.XLR OU CANON - Conector de três pinos usado em mic.(Canon é uma das marcas).

Ai vai um conselho:

Preste atenção aos diálogos de técnicos e montadores de palco, converse, seja simpático e lembre-se que antes de começar a balbuciar as primeiras palavras, você teve que ouvir muitos sons estranhos e sem sentido, para depois de um tempo começar a entender os seus significados.

Política na música.

Agora vamos abordar um assunto muito importante e pouco questionado no caminho da produção de uma banda. A política de festivais e casas de shows. Sim... veja que até na música existe política.
Acompanhe o conhecido diálogo do músico com o dono de casa noturna:
- Bem...Este aqui é nosso material, veja nosso livro de registros de shows, release e CD. Vamos fechar uma data? - diz o músico.
- Olha... Deixe tudo aqui com a menina do caixa que depois de ouvir eu entrarei em contato, está bem? - diz o dono da casa de shows.
Depois de alguns dias ou semanas sem retorno, o músico entra em contato:
- Alô... Aqui é o músico que deixou o material para fechar um show. Minha banda se chama Colony, está lembrado?
- Sim. Tudo bem? Eu ouvi o material; muito bom! Vamos marcar uma data?
Todo animado pelo elogio e confiante na possibilidade de fazer um ótimo show, começa o pesadelo...
- Diga-me uma coisa, sua banda tem público? Quantas pessoas a banda consegue trazer para o show? - pergunta o dono da casa.
- Bem... Não sei... Divulgando pode ser que venha muita gente. - responde desconsolado o amigo músico.
- É... Vamos fazer o seguinte: eu coloco vocês para "darem uma canja" (tocar de graça) na terça-feira. Assim já vejo como é a performance da banda ao vivo e se rolar legal eu armo uma data "especial" para a banda, ok?
- Está bem. - responde o músico sem opção - Mas uma pergunta: qual equipamento a casa oferece? Não tem como dar um cachê mínimo para cobrir os gastos?
- Equipamento??? Tem um amplificador de guitarra com o botão quebrado, um de baixo com o falante estourado e dois microfones. A bateria vocês têm que trazer, pois a que eu tenho é da marca Iamarra (i amarra daqui, amarra de lá) e está caindo aos pedaços! Sobre o cachê, bem... Como gostei da banda, eu te dou 50% da bilheteria... Mas depois isso melhora! - promete o dono da casa de shows que diz:
- Ah! A banda faz "cover" de quem? Pois aqui não tocamos música própria, só cover!
- Xiii...tu-tu-tu-tu-tu - Desliga o telefone em prantos e lágrimas o amigo músico.
Quem nunca passou por isso? Situações chatas e ofertas ridículas a ponto de não se sentir músico, mas sim artista de circo, um verdadeiro palhaço?
Pois bem... Em casos de festivais não é diferente!
Além de o músico estudar para tocar bem, ensaiar, juntar dinheiro para comprar um bom equipamento, etc, também tem que aprender a ser vendedor de convites ou ingressos!
É claro que toda regra tem sua exceção; casas de shows que tratam o músico com o devido respeito e festivais que são feitos por profissionais, mas isso é uma minoria diante de uma enorme massa de vendedores de batata frita com cerveja e organizadores de festinha de fundo de quintal!

Dê um BASTA a tudo isso. Aprenda as dicas para evitar todo esse sofrimento:
1. MÚSICO NÃO É VENDEDOR - Faça parceria com uma pessoa especializada em vender shows para que possa negociar os cachês e condições para a realização do evento. Vender o próprio show como produto não é tarefa fácil. Opte por produtoras ou empresários que dependam financeiramente das comissões dos shows, assim você evita curiosos e amadores que só farão sua banda perder tempo.
2. MATERIAL CUSTA $$ - Depois de ter gravado seu CD Demo, faça um site gratuito na Internet (HPG, CJB, KIT) e disponibilize as músicas em MP3 on-line. Você teve gastos com estúdio, por isso só se deve deixar o CD mediante uma reserva de show ou se for realmente muito necessário, caso contrario, deixe uma cópia do release e fale que as músicas podem ser ouvidas pela internet.
3. NÃO PAGUE PARA TOCAR - Contabilize um valor mínimo para cobrir os gastos como ensaio no estúdio, transporte, encordoamento, etc. Se a proposta não for de cachê fechado (valor definido), tente ao menos livrar os gastos que você já teve, pedindo um valor mínimo caso não apareça muita gente no dia do show. Cuidado com as propostas de pegar ingressos para vender, geralmente você não vende e ainda tem que cobrir o valor. Meu grande Mestre Mario Casali (in memorium) dizia: "Músico não fala, músico não vende, músico TOCA!".
4. CONFIE NO SEU TACO - Sempre rola pressão psicológica de dono de casa de shows ou festival, dizendo que outra banda faria pela metade. Acredite, isso pode acontecer mesmo! Muitos músicos reclamam das condições do palco, OMB, cachês, mas na hora de mostrar união, aceitam qualquer valor e até mesmo se rebaixam, só para tomar o lugar de outras bandas. Não somos focas para fazer shows em troca de bebida ou comida. Acredite que seu trabalho tem valor e não aceite essa pressão.
5. SEJA PROFISSIONAL - Discrimine quantas pessoas fazem parte da equipe e quais são acompanhantes, procure não abusar, geralmente cada músico tem direito a um acompanhante. Certifique-se sobre o valor liberado em comandas, para garrafas de água e lanches dos músicos se não houver camarim preparado. Isso parece ser um detalhe, mas caso não seja acertado com antecedência pode causar muito stress.
6. TEMPO É DINHEIRO - Não é necessário mandar repertório das músicas do show para o diretor do evento ou dono de casa noturna, isso é tarefa do ECAD (arrecadação de direito autoral), mas é importante que seja discriminado de forma bem clara, a quantidade e o tempo de cada entrada. Assim não acontece aquele conhecido problema de ficar tocando a noite inteira a pedidos simpáticos que sempre vêm assim: - Toque mais uma? E mais duas? E mais três?... E assim vai.
7. CAMPEONATO DE BANDAS - Realmente somos o país do futebol, isso tanto é verdade que até as regras aplicadas nos campeonatos futebolísticos são transferidas para alguns festivais de bandas. Exemplo: Chave de bandas, taxa de inscrição, campeão da noite, melhor torcida, juizes para julgamento, etc... Geralmente é banda "puxando tapete" de outra banda, jurados desconhecidos (sempre aparece maestro, produtor e empresário de bandas que nunca ouvimos falar no meio dessa turma), uma tremenda barulheira e claro, sempre pinta um "cheiro" de tramóia. Não é recomendado participar de nenhum festival competitivo.
Não se desespere, nem olhe para o dono de casa noturna ou festival como se ele fosse um inimigo. Os bons acabam pagando pelos péssimos. Saiba que no mundo dos negócios (os shows e eventos não deixam de ser um negócio também) cada um luta por sua bandeira para ter mais lucro, isso não é novidade. Por isso, organize-se, chame as pessoas certas e lute por seu espaço com honra e dignidade, sem prejudicar ao seu semelhante.

A propaganda é a alma do negócio

Todos nós possivelmente já ouvimos uma frase muito famosa, naturalmente criada por um publicitário que dizia: a propaganda é a alma do negócio. Realmente esse tema é muito importante para o retorno e o sucesso de qualquer projeto de banda, show ou até mesmo queima de estoque de artigos de cozinha.
É muito importante salientar que não existem regras para se fazer um bom release, mapa de palco ou CD. Iremos falar sobre diretrizes, ou seja, dicas do que funciona melhor na criação de um kit de divulgação de uma banda.
Existem ainda muitos tópicos importantes como: relacionamento com a imprensa, jogada de marketing, slogan, internet, entrevistas, enfim... Itens primordiais para dar mais personalidade a essa alma. Por enquanto dividiremos o assunto em dois temas: Kit de divulgação Básico e Divulgação avançada.
KIT DE DIVULGAÇÃO BÁSICO.
Após terem seguido os passos demonstrados na nossa edição nº 1, que relatava os itens banda (formação), local de ensaio, equipamentos, objetivo e repertório, é importante montar um pacote de divulgação que contenha:
1. RELEASE;2. CD Demo;3. REGISTRO DE SHOWS.
e preparar um release técnico para shows, que contenha:
4. MAPA DE PALCO;5. RIDER TÉCNICO;6. INPUT LIST.
RELEASE
O release deve ter imagem e ser objetivo. Não adianta colocar muitas informações sobre como surgiu o nome da banda, onde ensaiar, o que gosta etc, fazendo do release uma obra autobiográfica de cada integrante. Seja direto e objetivo.
Exemplo:
Formado em...(mês, ano e fundador);
Participou do...(citar o que de mais importante fez ou participou. No máximo 2 itens!);
Atualmente... (nome da turnê, estilo de show, o que a banda quer apresentar);
Foto... (Uma foto do grupo);
Nome e Instrumento...(Ex: Rodrigo Simão – Teclados);
Contato...(telefone, e-mail e home page).
É muito importante ter uma boa diagramação, apresentação e não ter nenhum erro de Português. Fique muito atento à foto para que seja de boa qualidade de luz e definição. Lembre-se que o release é da BANDA e não de cada um dos músicos contando o que já fez na vida, quantas namoradas tiveram...
CD DEMO
Bem... Nesse ponto você terá que gastar um pouquinho. Depois que o repertório estiver bem ensaiado, selecione duas ou três músicas para gravar ao vivo em um estúdio de gravações.
Lembre-se: grave primeiro todo o instrumental ao vivo e se houver vocalista, coloque na seqüência a parte vocal, assim você ganha tempo e economiza dinheiro. O preço médio de estúdio de gravação é R$ 50,00 por hora e geralmente R$ 5,00 por cópia de CD. Uma banda bem ensaiada, tempo de mixagem e finalização (estúdio), você gasta umas cinco horas. Pegue o original e faça cópias num gravador de CD de sua casa ou amigo. Cada CD-R custa em média R$1,00.
REGISTRO DE SHOWS
Faça uma pasta extra com fotos de shows, fotos tiradas do fundo do palco mostrando o público, recortes de jornal retratando a banda, anúncio publicitário de shows, enfim... Tudo que for de origem jornalística. Caso não tenha feito nenhum show, pense em arquivar tudo isso desde já. Diagrame, faça fotocópias e guarde bem os originais.
MAPA DE PALCO
Faça um mapa de palco indicando a posição dos instrumentos, microfones, amplificadores e A.C.. O mapa serve para que a equipe de sonorização do local do evento saiba preparar o palco para a banda, por isso monte tudo no panorama de visão de quem esta na platéia olhando para o palco. É importante colocar o nome da banda, nome da turnê, ano e o nome do responsável da banda para que possam ser tiradas dúvidas de última hora.
RIDER TÉCNICO
O rider técnico ou lista de equipamentos serve para discriminar:
A. Equipamentos de P.A, B. Equipamentos de monitoração eC. Instrumentos musicais.
É de bom senso não deixar o sucesso subir à sua mente fazendo você colocar itens como: Telão digital com climatizador de platéia, sistema de 500 canais com automação, etc... Aqui você deve colocar quais os equipamentos que você precisa para realizar seu show.
INPUT LIST
A tradução seria “lista de entrada”, pois bem, essa lista não passa de uma tabela onde você coloca os endereçamentos de entrada de sinal na mesa de som. Podemos ter os seguintes itens: Nº do canal (mesa de som), instrumento, tipo de captação (Mic/DiBox) e efeito (efeito colocado no mixer).
Agora preste muita atenção a todas as dicas e mãos à obra. Procure sempre pensar na pessoa que irá receber o material. Faça tudo com amor e tenha determinação. Na próxima edição iremos falar sobre política de festivais e casas de show preparando a banda para encarar uma primeira turnê.
Direção de Shows
Popularmente no Brasil é muito comum utilizarmos a palavra show para designar a apresentação de uma banda. A simples execução de um repertório feito ao vivo por um ou mais músicos poderia ser considerada um show, mas não é tão simples assim.
Show – Palavra de origem Inglesa: mostra, exibição, espetáculo, demonstração.
Para a realização de um verdadeiro show, é muito importante que a apresentação seja previamente elaborada, ensaiada e que tenha uma direção de show.
DIREÇÃO DE SHOWS
Vamos começar falando sobre algo muito importante: a obra e seu criador. Não existe esse papo de dizer que tal compositor quis dizer isso ou aquilo. No processo de criação de uma obra há tantos detalhes presentes no inconsciente do artista que algo podemos garantir: SOMENTE O AUTOR SABE O QUE REALMENTE ELE QUIS DIZER OU PASSAR PARA O MUNDO!
Sendo assim, todo e qualquer palpite não passa de interpretação individual de cada ouvinte ou espectador. Se quiser saber o significado de uma obra, pergunte diretamente para o autor.
É obrigação do diretor do show, tal como do produtor musical, enxugar o máximo de idéias do artista para desenvolver o tema, direção e detalhes muitas vezes invisíveis à primeira vista. Não adianta querer fazer uma banda de Punk Rock se movimentar como o corpo de um balé clássico, nem uma dupla sertaneja agir como malabaristas de circo só para fazer um show realmente diferente. Será no mínimo motivo de risadas e chacotas. Se esse não for o objetivo, é importante ouvir as idéias de todos na banda e chegar a um consenso para desenvolver uma boa direção de show, utilizando-se de princípios básicos como repertório e posicionamento em palco ou mergulhar no universo de infinitos detalhes como textos, maquiagemm, iluminação, movimentação em palco, figurino, etc...
Quanto ao nome de uma turnê ou titulo de um show é comum que esse titulo tenha relação com uma idéia pré-concebida. A fonte dessa idéia pode ser um disco, o nome de algo ou lugar, uma frase que reflita um estado de espírito, etc.
A forma com que essa idéia interage com a performance da banda, a iluminação, a música, o público, o espaço físico e a seqüência de apresentação do repertório, em geral, são fatores importantes para se desenvolver a direção de um show.
A maneira de cada diretor de show trabalhar pode apresentar inúmeras variações e é importante saber que a definição de qualquer forma de expressão artística é sempre relativa e nem sempre desejável. No entanto, partindo-se de princípios didáticos, existem alguns pontos fundamentais que ajudam ilustrar de maneira mais clara as incríveis idéias de nossos artistas. Veja agora as dicas para um bom trabalho de direção:
1. Procure ensaiar a banda na mesma posição estabelecida para o show;
2. Ensaiar nunca é demais. Preparem-se para os imprevistos, eles certamente ocorrerão e são fatores que dão mais emoção;
3. Não bloqueie a criatividade. Primeiro visualize a idéia grandiosa e depois veja como ela poderá se enquadrar no orçamento disponível para a produção;
4. Ter estilo, forma e conteúdo;
5. Não queira fazer tudo sozinho. Se possível contrate, gere empregos, faça parcerias, contrate equipes especializadas em cada setor. Isso melhora a qualidade e facilita a cobrança de resultados;
6. Desenvolva uma pauta com metas, prazos e resultados;
7. Visite com antecedência, se possível, o local do show e verifique se as condições estão de acordo com suas expectativas. Desta forma haverá tempo hábil para eventuais mudanças;
8. Observe sempre se o local e o público são adequados ao perfil de sua banda;
9. A passagem de som (sound check) deve ser marcada com bastante antecedência. Uma boa passagem de som, na maior parte das vezes, é essencial para se ter um bom show;
10. Passagem de som não é ensaio. Os músicos devem saber todo o repertório sem errar.
11. Na passagem de som dê prioridade para a música mais “pesada” (instrumentação), a que tenha mais vocais e a mais “leve” (balada). Isso ajuda a regular os níveis de som;
12. Procure montar um repertório (set list) que leve em consideração possíveis movimentações, trocas de instrumentos, roupa, etc, e que possa ser alterado sem perder a identidade e unidade do show;
13. Na montagem do repertório, visualize graficamente os momentos de relaxamento e de ápice do show, deixando preparada uma música para o “bis” (encerramento);
14. Procure ter o melhor relacionamento possível com a equipe técnica. Eles são muito importantes para o bom desempenho do seu show;
15. Não se esqueça do kit para show: um bom mapa de palco, rider técnico e input list;
16. Mantenha sempre uma boa manutenção dos instrumentos;
17. Use sua criatividade, se adapte, modifique, seja versátil. A originalidade é um fator muito apreciado e útil para enfrentar imprevistos;
18. Não se esqueça que o público é importante coadjuvante para seu show.
Essas são algumas diretrizes para uma direção de show bem sucedida. Veja bem, não é preciso ter um orçamento de 1 milhão de dólares para começar a agir corretamente e fazer um bom trabalho. Não pense nas dificuldades, pense nas soluções, brinque, invente, mas tenha sempre bem claro em sua mente qual sua idéia e o motivo.

Escolhendo um estúdio

A escolha de um estúdio de gravações não é tarefa fácil. É preciso ter muita paciência para não acabar cometendo erros que fatalmente serão lembrados a todo o momento que se ouvir alguma música gravada.
Quando uma banda já possui gravadora, diretor artístico, produtor musical, diretor executivo, especialista em cafezinho para intervalos, etc, fica muito mais fácil de trabalhar. Porém, na maior parte dos casos, não temos toda essa mordomia e acabamos tendo que fazer um pouco de tudo para realizarmos um bom trabalho.
Para descobrir um bom estúdio de gravações é importante fazer uma boa pesquisa e a mesma deve ser feita pessoalmente. Nunca tome nenhuma decisão por telefone.Basicamente existem três itens muito importantes para a escolha do estúdio de gravação:
1. PREÇO;2. EQUIPAMENTOS;3. FATORES PSICOLÓGICOS.
1 - O PREÇO
Não pense que escolher um estúdio é como escolher um carro novo em uma concessionária, achando que quanto mais caro for o preço, melhor e mais moderno será. Na verdade, nem carro se escolhe dessa forma. Existem muitos fatores que interferem de forma direta na decisão final como: gosto, satisfação, bom atendimento e, claro, a qualidade do produto final: a música.
Não fique só reclamando que a grama do vizinho é mais verde. Se o orçamento disponível está curto, pesquise muito até encontrar um estúdio com uma boa relação custo x benefício.
No Brasil, a maior parte das negociações de pequeno porte é feita com uma grande base emocional. Isso é um tremendo erro! Negociar um bom preço e uma boa forma de pagamento é muito diferente daquela choradeira da pessoa contando a estória de sua vida, jogando com culpas e emoções pra ver se consegue um preço melhor e cláusulas mais “moles”. Nada de contar seus problemas porque eles são seus, de mais ninguém. É a tal questão do porque as pessoas não fazem o que tem de ser feito, rápido e bem feito.
Peça para que sejam discriminados os valores de cada hora no processo de captação, mixagem e masterização. Geralmente os preços costumam variar em cada processo.No caso de pacotes feitos atribuindo-se um valor por música, discrimine a quantidade de músicas e o tempo médio de cada uma para que não ocorra nenhum corte de edição das músicas de maior tempo de duração.
Discrimine em um contrato: a forma de pagamento, se as matrizes estão incluídas (caso não estejam colocar o valor adicional), o valor de cada hora de estúdio ou valor por música e as possíveis datas e períodos de gravação (pré-agendamento). Calcule seu orçamento sempre tendo uma folga entre 20% a 30 % do valor cotado.
2 – EQUIPAMENTOS
A sala de gravações, na gíria também é chamada de “aquário”. A sala de gravações deve ter um bom tratamento acústico para que possam ser captadas todas as freqüências desejadas, eliminando o “vazamento de som” e o feedback, também chamado popularmente de “microfonia”.
Para facilitar o entendimento, dividimos o assunto em cinco subitens:
2.1 - MICROFONES;2.2 - SISTEMA DE GRAVAÇÃO;2.3 - MESA DE SOM;2.4 – EFEITOS;2.5 – O TÉCNICO.
2.1 – MICROFONES
Imagine que os microfones fossem como nossos ouvidos eletrônicos e o cérebro representasse uma mesa de som. Da mesma forma que nossos ouvidos necessitam de cuidados especiais, os microfones também necessitam.
Nossos ouvidos têm a função de decodificar um som e transformá-lo em impulsos que possam ser compreendidos pelo cérebro.
Os microfones fazem o mesmo trabalho, não passam de dispositivos capazes de transformar um tipo de energia (energia acústica) em outra energia capaz de ser compreendida pela mesa de som: a energia elétrica. Por isso, são chamados de transdutores.
Nenhum microfone apresentou eficiência total (100%), embora muitas marcas e modelos têm conseguido ser relativamente fiéis ao som produzido. A perda ocorrida nessa transformação não chega a comprometer. O microfone é, portanto, o primeiro grande responsável pela qualidade do som. Por isso sua extrema importância.
Verifique no estúdio se existem microfones específicos para cada instrumento. Os modelos de microfones são diferenciados pela melhor atuação diante de freqüências graves (bass-drum), médias (voz) e agudas (violinos). Existem muitas marcas e modelos, as mais conhecidas são Shure, AKG e Neumann.
2.2 – SISTEMA DE GRAVAÇÃO
Gravadores analógicos, sistemas com Mac Pró Tolls, 16 bits, 24 bits... todos são bons sistemas e acabam dando bons resultados. A guerra entre o analógico x digital é como comparar de forma grosseira qual carro é melhor, uma BMW ou um AUDI. Os respectivos donos sempre irão valorizar seus bens, sendo eles equipamentos de estúdio ou carros, por isso, a resposta correta seria: bom mesmo é ter os dois, analógico e digital.
2.3 – MESA DE SOM
Mesa de som, mixer ou console são alguns dos nomes dados ao mesmo equipamento. Antes de tudo, é preciso desmistificar esse “avião” cheio de botões e dizer que uma mesa de som não passa de um “misturador” eletrônico. É importante um estúdio fazer investimentos em uma mesa que tenha muitos canais e que apresente uma boa comunicação entre as muitas interfaces de entrada e saída de sinal com seus sistemas de grupos, sistemas automatizados e seus sistemas de monitores de áudio.
2.4 – EFEITOS
Existem muitos “racks” de efeitos digitais e diversos “plug in” de efeitos em computadores. Para retratar metade deles levariamos pelo menos uns dois dias, por isso falaremos somente de alguns. O importante é saber que o estúdio deve oferecer uma boa gama de efeitos digitais juntamente com programas de “loops de bateria” para bem servir seus clientes e, é claro, ter um técnico que realmente saiba utilizá-los com eficiência e responsabilidade.
REVERB: Efeito causado por uma infinidade de reflexões do som num ambiente fechado, dando a sensação de ambiência no som.
CHORUS: Serve para engrossar o som do sinal que está entrando no processador de efeito dando a sensação de que vários instrumentos estão sendo tocados juntos.
DELAY: Repetição do sinal fazendo o som se repetir como em ondas, podendo ser ajustado o tempo e velocidade das repetições.
COMPRESSOR: Efeito que comprime o áudio, melhorando o nível de sinal, valorizando as freqüências com baixo sinal e estabilizando as freqüências com distorção.
2.5 – O TÉCNICO
Este sem nenhuma dúvida é o mais importante de todos itens. Não adianta ter os melhores equipamentos se a famosa “pecinha atrás da mesa”, o técnico, não colocar todo o maquinário do estúdio para funcionar de verdade. Verifique se o técnico realmente tem cursos de áudio e ouça outros trabalhos que ele fez. É claro que existem muitos técnicos que não cursaram nenhum instituto de áudio e trabalham muito bem; mesmo assim é importante ter como comandante dos equipamentos do estúdio um profissional atualizado com as novidades para que você possa desenvolver toda sua capacidade de ser músico.
3 – FATORES PSICOLÓGICOS
Aprenda: “Achar é a certeza do não saber, por isso SINTA”.
O ambiente de gravação interfere de forma direta no processo de criação espontânea. Sinta o ambiente, conheça todas as salas, veja a organização, repare na atenção que é dada à sua visita, veja o fluxo de pessoas que entram e saem do estúdio, enfim, pergunte para você mesmo no silêncio de sua mente: - Este é o lugar?
Se você ouvir uma voz respondendo lá dentro de sua mente, saia correndo e procure ajuda psiquiátrica, pois as coisas podem piorar... (risos) Então esse realmente não é o lugar.
Terminamos por aqui. Pesquise também dicas de como agir no momento da gravação, a importância da pré-produção, mixagem e masterização.
Muita sorte e que as bandas brasileiras sejam reconhecidas não só pela musicalidade, mas também pelo profissionalismo e competência. Você é parte dessa mudança!

Por Rodrigo Simão.

PRODUÇÃO ARTÍSTICA


No sentido restrito a palavra “arte” implica um conceito puramente estético. Porém, os temas e símbolos gravados nas rochas ao ar livre serviram também para fazer chegar mensagens tanto aos poderes transcendentes como aos seres humanos.


Nas regiões onde não existiam grandes estruturas estatais, a arte manteve a sua inspiração tradicional, colectiva e religiosa. A arte monumental reflecte o surgimento dos grandes estados por todo o mundo, cada um com as suas características particulares, pois o monumento constitui um reflexo espectacular e eterno da instituição. Tanto nos estados como nos impérios a arte constituía a expressão visual das respectivas sociedades; a arquitectura muitas vezes assumiu uma finalidade ideológica ou religiosa, simbolizando o poder e a glória dos governantes. O termo arquitectura é utilizado, com frequência, como referência às residências de pessoas de estatuto social muito elevado.


A religião e o poder político mantiveram padrões e procedimentos normais e frequentemente permutáveis, independentemente da localização. Preocupavam-se, em particular, com as questões complexas do fabrico de imagens, que realçavam signos e símbolos de poder, e a sua facilidade de permuta e com a organização e manutenção de artistas individuais ou de oficinas de pintores, calígrafos e artesãos. As expressões artísticas necessitam dum investimento para a sua produção e também para a devida manutenção e segurança. Em geral, a produção artística realizava-se dentro dos palácios e estava sob o controlo directo dos soberanos e dos templos.


As classes governantes para melhor se demarcarem das classes inferiores e realçarem o seu prestígio e poder, mandaram construir impressionantes palácios e templos magnificentes, com materiais que frequentemente tinham de ser importados de longe; os membros dessas classes usavam, como símbolos da sua elevada categoria, ricos trajos, jóias e pedras preciosas e outros “artigos de prestígio”.


O crescimento das cidades, comerciais e manufactureiras, deu lugar a um investimento associado a características específicas locais e diversificadas quanto à expressão artística. As cidades eram lugares onde se cruzavam pessoas e artigos de muitas origens diferentes. As expressões artísticas urbanas tiveram tendência para permanecer dentro dos seus limites e acabarem por conduzir à formação de artes nacionais. O meio urbano proporcionou um público para a compra e venda de objectos de arte fabricados para as elites urbanas, a frequência de representações de peças de teatro, espectáculos musicais ou cenas de narrativa épica ou lírica. As técnicas das artes industriais, como a cerâmica, os trabalhos em metal, vidro e têxteis cresceram em variedade e qualidade de modo a corresponderem a uma enorme amplitude de funções e tendências diferentes.


Muitos temas, ideias, técnicas e modos de comportamento tiveram a sua origem em motivos populares, facto sobretudo evidente em relação à música e às artes representativas. Esta tendência revelou a possibilidade de se criarem as primeiras bases de um estilo de vida que deixa de ser exclusivo dos ricos e poderosos mas que se torna acessível a outras camadas da população. Com o aparecimento da utilização de metais, sobretudo o bronze, surgem novos instrumentos musicais a substituir os chifres, guizos, chocalhos, discos com batentes, apitos de osso, flautas de cana, tambores assentes em peças de olaria. A música e a dança passaram a desempenhar um papel importante nas cerimónias.


A arte era entendida como algo que dizia respeito e estava próximo dos artesãos. Estava mal definida a fronteira entre o papel de artesão ou trabalhador manual, cujo estatuto era desprezado ou tido como inferior, e o papel do artista. Devido ao facto de as belas-artes implicarem trabalhos manuais, os seus praticantes eram considerados meros artesãos, não sendo reconhecidos como artistas. Estes, muitas vezes, eram servos ou até mesmo escravos. Mais tarde, pelos séculos III e IV d. C., apareceu uma arte de elite criada por artistas individuais que eram elementos do estrato mais elevado da sociedade. Os artesãos tiveram de produzir loiças de luxo, mobiliário e outros objectos, recorrendo a materiais como o ouro, prata e pedras preciosas, para uso nos palácios dos reis.


A arte da escultura e gravura sobre rocha tornou-se uma actividade autónoma e os pedreiros transformaram-se em escultores e ficaram ligados aos principais templos. Progressos semelhantes tiveram lugar no domínio da produção de jóias e de artigos de luxo feitos de conchas, osso, chifre de veado ou pedras semipreciosas, cujo valor dependia das matérias-primas utilizadas e que deram origem a profissões especializadas. Outro meio de expressão artística foi a madeira: as estátuas entalhadas eram particularmente impressionantes devido aos detalhes que apresentam; a madeira trabalhada era igualmente utilizada em colunas que sobreviveram até ao presente. A produção de tecidos feitos em casa ou nos acampamentos, em geral por mulheres, mostravam grande sentido artístico, criativo e aplicação. A cerâmica decorada era uma arte aplicada, que representava um mundo ornamental no qual se sentia a mão de artesãos especializados, como escultores de baixo relevo e fabricantes de cilindros-selos, joalheiros e outros. As técnicas de fabrico de materiais em vidro e em faiança, designados pela expressão “artes do fogo”, permitiram virtuosos acabamentos e soluções estéticas.


A construção das pirâmides no Egipto exigiu um esforço extraordinário, o país esgotou-se economicamente, o poder dos faraós enfraqueceu e as contradições sociais adquiriram um carácter irreconciliável. Porém, a arte egípcia deu um grande contributo para a cultura de toda a humanidade. A construção em pedra adquire grande envergadura; surgem pirâmides construídas em tijolo cru e revestidas de calcário.


A arte persa era o resultado duma síntese entre as tradições artísticas e os processos técnicos de outros povos circundantes. Tal arte destinava-se, acima de tudo, a simbolizar o poder e a grandeza dos reis e do Império.


Na Grécia, o templo favoreceu o desenvolvimento das diversas formas de arte, surge uma escultura monumental. A par da construção dos templos começou, mais tarde, a arte helénica a dedicar grande atenção à construção de teatros, ginásios e palácios. Igualmente se desenvolveram a arte teatral, a comédia, o mimo e a oratória.


Em Itália, a invenção do processo de obtenção do betão a partir da lava permitiu pintar grandes superfícies murais com frescos que incluem grandes figuras humanas e paisagens. Aperfeiçoou-se a arte dos mosaicos que decoravam edifícios públicos e particulares. Os escultores romanos desenvolveram no campo do retrato um estilo próprio e elaboraram uma teoria de arte realista, visando o conhecimento e a reprodução da vida real em toda a sua diversidade. Foram também introduzidas as representações teatrais à maneira grega.


As tradições artísticas floresceram pelo mundo islâmico sobretudo com a arquitectura, fundada em construções arqueadas, e com o fascínio pela caligrafia decorativa. Os “jardins do Islão” foram uma característica excepcional da civilização muçulmana. Conceberam-se jardins e parques com palácios, pavilhões, canteiros de flores de desenho geométrico, sistemas de irrigação e recintos complexos.


Na Ásia Central, existiu um “estilo de oásis” peculiar que se reflecte nas vestes adornadas, nos estilos de pintura e escultura, o que testemunha uma prosperidade social cuja riqueza se baseava acima de tudo no comércio de objectos de luxo.


Na Índia, bons artesãos dedicavam-se a sofisticadas obras de arte, estatuária e arquitectura monumental, destinados a ricos e poderosos. A maioria da arte era inspirada na religião e na construção de templos. Na antiguidade mais remota, as construções eram na sua maioria feitas de madeira e por essa razão não se conservaram. Nos primeiros séculos d. C., a pedra começa a ser largamente utilizada na construção e nas esculturas de pedra. Existiam várias escolas de escultura, que dispunham de manuais que continham regras para a feitura de estátuas, templos e outras construções religiosas. Surgiram também tratados sobre a técnica de pintura. Pintava-se sobre madeira, tecido e pedra. São famosas as pinturas murais em cavernas e em edifícios.


A tradição da pintura na China foi garantida pelo patrocínio imperial que convidou para a corte os mestres famosos da pintura, nos séculos. VII e VIII., com o seu estilo e forma de retratar poderosos e criaturas divinas. Porém, também floresceu a pintura de paisagem, de flores e pássaros, que adquiriam uma tradição relevante. Pouco antes do início da era cristã, foi fundada a Câmara Musical onde eram reunidas e arranjadas as canções populares e se criavam obras musicais.


Na África Ocidental, a religião deu azo a várias formas de expressão artística. O desenvolvimento sistemático de uma cultura urbana levou a um incremento da arte. No primeiro milénio a.C., os artistas africanos ocidentais trabalhavam com os materiais predominantes na região, fossem eles pedra, madeira ou metais, no fabrico de peças religiosas ou pagãs. A tradição evoluiu da cestaria para a escultura, olaria e, finalmente, para a metalurgia. Também se trabalhava com o ouro e o marfim nas regiões mais ricas nestes materiais. Os contactos com o Islão traduziram-se num impacto na arte popular africana, nas formas arquitectónicas e na arte dos metais. Na floresta tropical existem máscaras esculpidas em madeira. O artesanato encontrava-se em franca expansão em relação às técnicas e materiais empregues e às formas trabalhadas por aqueles artífices. A riqueza gerada era suficiente para que os ricos apadrinhassem as artes, prestando apoio àqueles que se ocupavam da sua criação, numa espécie de mecenato. A maior parte das obras de arte era produzida sob os auspícios da realeza. Em Benim, os artistas organizavam-se em grémios adstritos a uma chefatura do palácio. Este país, tornou-se célebre pela descoberta de obras-primas de bronze (latão) ou de terra cota, produzidos pela técnica de cera perdida.


Na África Central e Austral as populações recorriam nas artes plásticas a materiais usados no fabrico de peças de uso diário, como argila, ferro ou cobre, madeira, marfim e conchas. A dimensão artística voltava-se para as divindades e espíritos dos antepassados. Tratava-se de uma arte predominantemente religiosa. As peças fabricadas tinham quase sempre um fim utilitário. As esculturas primitivas consistem em objectos de barro, mas apresentam também materiais menos frágeis como pedra e bronze. É notória uma distinção entre culturas de floresta e de savana. A primeira identifica-se mais com um simbolismo religioso patente nas máscaras e estátuas da região equatorial. Na parte central e meridional da savana, a produção artística estava mais ligada aos chefes e aos monarcas. Na esfera da arquitectura, o Zimbabwe é um exemplo extraordinário, caracterizada por ruínas monumentais de enormes habitações de pedra, cuja envergadura representa o “Grande Zimbabwe”.


Na América do Norte existia uma tradição de escultura, como o demonstra os trabalhos de entalhe feitos em pedra, em osso e em madeira. Existem variações de região para região na quantidade e nos tipos de instrumentos de madeira. A característica cultural nas artes baseava-se em dois objectivos fundamentais: o alcance de prestígio e auxílio sobrenatural. Os bens excedentes eram entregues a um chefe, que os utilizava para promover as artes e para pagar a especialistas em pintura e escultura com o objectivo de criarem objectos de arte que servissem para aumentar o seu prestígio.


Na Meso-América, século VIII d. C., destaca-se uma arquitectura urbana de tendência vertical, que já se adivinhava em séculos anteriores. A produção escultural e a pintura mural da região central maia destacaram-se pela sua diversidade e escala. É de acrescentar o fabrico de uma excelente cerâmica e de delicados objectos de madeira, osso, jade e outras pedras preciosas. É também notável a estatuária de pedra.


Na América do Sul, a escultura em pedra foi um veículo importante da expressão estética andina. As esculturas em madeira foram importantes em locais rituais: pintadas e vestidas, representam deuses guardiães.


Na América Central, antes da colonização, existia uma florescente tradição de pinturas murais, manuscritos iluminados e mosaicos de plumas. Com o domínio espanhol, foram importadas pinturas e gravuras religiosas da Europa. Contudo, muitas das pinturas religiosas eram da autoria de artistas índios, do que resultou um estilo baseada nas suas tradições bem como na perspectiva europeia.